sexta-feira, 15 de abril de 2011

Busscar tem só até esta semana para explicar ao Ministério Público sobre seu futuro

Encarroçadora não paga alguns salários há mais de um ano. Apesar do retorno aos trabalhos, a produção é bem tímida e Ministério Publico do Trabalho quer saber o que a direção da empresa deve fazerADAMO BAZANI – CBN
A Busscar realmente será vendida a outro grupo empresarial ?
Essa e outras repostas o Ministério Público do Trabalho em Santa Catarina quer saber da encorroçadora de ônibus que enfrenta a pior crise de sua história.
Atendendo solicitações do Sindicato dos Mecânicos de Joinville e Região, o Ministério Público intimou a Busscar a dar explicações sobre seu plano de sair da crise e honrar os compromissos trabalhistas.
A advogada do sindicato, Luiza De Bastiani, disse ao Jornal Diário Catarinense que a representação de trabalhadores quer uma intervenção na indústria. Os empregados também apóiam a venda da empresa para outro grupo investidor se esta for a melhor solução.
“O objetivo da reunião com a procuradoria era solicitar apoio, intervenção, para que a empresa se explique, diga se há algum avanço nas negociações de venda. Dar informações mais palpáveis, informar quais diretrizes pretende seguir” – disse a advogada.
O promotor Guilherme Kirtsching acompanha o caso. Há em poder dele dados sigilosos comerciais que informam quais os planos da empresa, uma das mais tradicionais do setor de fabricação de carrocerias de ônibus.
A Busscar tem até esta semana para passar dados concretos do que deve fazer.
No dia 19 de abril, um representante da encarroçadora, de acordo com o pedido do Ministério Público do Trabalho, deve comparecer ao sindicato dos mecânicos de Joinville para dar explicações diretas à categoria a respeito de possíveis acordos e compromissos na reunião entre Ministério Público do Trabalho, empresa e representantes sindicais.
No último dia 05 de abril, a empresa completou um ano sem pagar salários. Aproximadamente 3,5 mil trabalhadores tentam receber os direitos. Mas atualmente, a empresa conta com 1,3 mil funcionários com carteira assinada.
Uma empresa de gestão do Rio de Janeiro foi contratada para buscar a melhor alternativa comercial para a empresa.
O que tem irritado tanto os trabalhadores como o mercado é o silêncio da empresa.
A Busscar se limita a dizer que este silêncio faz parte de uma estratégia comercial. Enquanto a estratégia não é definida, os trabalhadores acumulam dívidas, não conseguem honrar compromisso e o mercado de carrocerias se concentra ainda mais. A Marcopolo, mais tradicional em carrocerias rodoviárias, aumentou sua participação em urbanos e lidera com folga o segmento que disputava com a Busscar, sua principal concorrente A Caio tem pedidos acumulados e outras encarroçadoras aproveitam para conquistar espaço, como a Comil, no segmento rodoviário e Neobus e Mascarello no urbano.
Já é a terceira grande crise financeira da Busscar nos últimos 15 anos, sendo esta considerada a mais grave.
Esta última crise é uma somatória de fatores que incluem desde ma administração, não atualização gerencial com as dinâmicas do mercado e o não repasse de créditos do IPI – Imposto Sobre Produtos Industrializados, que a empresa tem direito a receber do poder público.
Os R$ 610 milhões de crédito já estavam no orçamento da empresa que disse ter feitos planos de investimentos contando com este dinheiro. Sem recebê-lo, ela aumentou suas dívidas.
O Governo alega que o prazo para empresa solicitar este valor se esgotou. O Superior Tribunal de Justiça reconheceu o direito de a empresa receber este montante.
As oscilações do câmbio, com as desvalorizações do Real no ano passado, também fizeram a empresa sentir, principalmente nos contratos de exportações. Com a moeda nacional mais desvalorizada, o valor final do produto tende a ser menos lucrativo. S]ao menos dólares recebidos pelo mesmo produto.
A empresa teve de cancelar vários contratos internacionais, como o fornecimento de 1350 para o BRT – Bus Rapid Transit – sistema de ônibus com corredores inteligentes e segregados, da Guatemala.
O BNDES se nega a ajudar novamente a empresa e alega que todos os esforços já foram feitos, mesmo com o fato de o próprio governo ter devido para a companhia.
Só em dívidas trabalhistas, os débitos da Busscar ultrapassam R$ 220 milhões.
Entre outros débitos, a dívida chega a R$ 600 milhões.
Ao BNDES, a dívida é de R$ 30 milhões por financiamentos não pagos.
Para bancos particulares, 11 no total, a Busscar deve R$ 270 milhões.
A empresa também deve a fornecedores. Sem crédito, ela não tem condições de financiar a compra de novas matérias-primas para produzir novas uinidades.
A empresa também enfrenta disputas judiciais com ex acionistas que querem quantias milionárias.
No ano passado, o diretor da empresa, Claudio Nielson, demonstrava a intenção de não vender a empresa, decisão agora que pode ser repensada.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN – especializado em transportes.

Um comentário:

  1. É realmente com muita tristeza que assisto esta nova crise na Busscar. Nutro muito carinho pela encarroçadora catarinense, que inclusive, forneceu modelos para vários países, principalmente no segmento BRT, como Transmilenio, Transmetro e outors. Espero que esta nossa empresa tão importante saia desta, e dê a volta por cima!
    Excelente blog, adorei conhecer.
    Abçs,
    Anderson Vianna, CTBA
    Camisas & Manias

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